A Praxe

A palavra Praxe toma o seu contexto atual já na 2.ª metade do séc. XX, com o progressivo desaparecimento dos costumes mais selváticos (iniciada no período do liberalismo - quando as normas de civilidade e boas maneiras impostas pela cultura urbana e pela escola se conseguem sobrepor à cultura popular) e do alargamento do seu significado que passa a consistir gradualmente todo um conjunto de regras sobre as atividades dos estudantes universitários, que são parte da tradição da comunidade estudantil (Tradições Académicas).

O termo passa por uma expansão semântica, desde o inicial conjunto de ritos de receção aos novatos/caloiros, até à própria lei que os regula. A primeira ocorrência escrita do termo praxe surge em 1863 (Rodrigo Veloso, Folhas ao Vento..., Coimbra, Imprensa Literária) e, depois, em 1872 (J. V., O Calouro, Porto, Typ. de António José da Silva, p. 14.), como associado ao adjetivo "selvático" – indicando a conceção generalizada que a sociedade possuía em relação a estas práticas. 

Maria Eduarda Cruzeiro, expõe 3 definições do termo, com a sucessão do tempo:

1.ª fase: "A praxe é uma prática social recorrente, sujeita a um grau apreciável de codificação que, com muita frequência, a aproxima de práticas rituais." (nesta primeira fase, o sentido de praxe está entendido como um conjunto de práticas, e não como lei que as regula).

2.ª fase: "A praxe é uma prática institucional especial, cujas funções básicas de conservação de uma originalidade fundada na tradição tendem, no desenrolar da sua história, a cristalizá-las em formas quase rituais. (…) É como uma espécie de lei privativa da comunidade estudantil, regulando estritamente certas práticas em razão da anciania." (a praxe passa do sentido das práticas, às leis que a regula).

3.ª fase: "A praxe é uma prática institucional especial, cujas funções básicas de conservação de uma originalidade fundada na tradição tendem, no desenrolar da sua história, a cristalizá-las em formas quase rituais." (a praxe vista como um binómio de costumes e regras que enquadram e limitam).